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A NATUREZA DO ORGULHO
Alguns aspectos característicos da personalidade humana é que seu delineamento de comportamento é altamente previsível, mormente quando se diz respeito ao foro íntimo do se proteger, evitar um susto, neste aspecto, ele tende, naturalmente, a correr ou se congelar.
Com o amplo desenvolvimento da sociedade de consumo, aprendemos a nos defender por enfrentamentos, e a opção para o não congelamento é o movimentar-se para a luta, porque afinal de contas, os tempos são outros e na luta pela sobrevivência, os mais fortes e orgulhosos vencem a batalha.
Neste ínterim, a competição tem se acirrado como nunca, e uma característica humana bem desenvolvida na sociedade de consumo é o orgulho, como sendo uma chaga da humanidade, transvestida de poder permanente, para a defesa de seus posicionamentos e interesses, em detrimento dos que podem ser rebaixados.
Estamos vivendo um tempo áureo de descobertas e entretenimentos, novos paradigmas nas ciências sociais, concepções na administração e marketing digital, etc, que para está em todos os lugares ao mesmo tempo, nem precisa sair de casa. Enquanto se discute a ubiquidade dos Espíritos no além, estamos aqui vivenciando a ubiquidade dos humanos, de estarem em todos os lugares ao mesmo tempo, instantaneamente, online ou off-line. Um grande poder da tecnologia a serviço da humanidade.
Moramos numa selva e nos achamos civilizados, estudamos nas melhores faculdades do mundo e ainda não saímos da alfabetização; conseguimos estar em vários lugares ao mesmo tempo, se apresentando como quiser, online ou off-line e mesmo assim, não sabemos o endereço de nós mesmos. Assim caminha o orgulho nosso de cada dia: bater no peito se achando que é o melhor dos melhores e acreditar ser o que não é; ter o que não tem.
Notadamente, o orgulho é a encarnação da arrogância e, normalmente o seu possuidor tem a “síndrome da amnésia desmedida”, porque quando se sente ameaçado diz: “Você sabe com quem está falando?”, demonstrando, sublinarmente, um sinal grave de amnésia de si mesmo, buscando orientação na humildade, numa autoafirmação de ameaça a si mesmo, se intitular que é melhor do que os outros.
Nestas condições é possível que o orgulho esteja tão grande, que não caiba mais no próprio corpo. Se aprouvesse Deus deixar os corpos crescerem na mesma medida do orgulho, neste planeta só viveriam gigantes, com os pés na terra e a cabeça na lua.
Incontestavelmente, o orgulho tem uma casa interna diferenciada em seus requintes e com um cão de guarda alimentado diariamente pelo seu possuidor.
O maior desespero do orgulho é não conseguir rebaixar a humildade, porque a humildade é a referência do que está mais embaixo, mas humildade não se associa com humilhação. Humilhação é a ação do sentir-se constrangido, desonrado. Humildade é o saber ser, reconhecer que está sempre no processo de aprendizagem, num constante interesse do melhorar-se e melhorar os outros.
A humildade é o controle de qualidade para o indivíduo não se tornar orgulhoso, arrogante.
Portanto, o orgulhoso se revolta com a ideia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se; que descer do pedestal onde se contemplam a si mesmo, seria um verdadeiro tormento, razão pela qual, se conclui que o orgulho é a catarata que lhes tolda a visão, um terrível adversário da humildade.
Autor: José Eduardo Rocha
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