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MECANISMO DE ADOECIMENTO MENTAL E SEU TRATAMENTO
No ser humano, desde sua formação, quando ocorrem amplos desenvolvimentos neurais e físicos, iniciam-se os processos de aprendizagem mental como parte de um automatismo orgânico da natureza animal. O cérebro humano se forma e percebe a si mesmo como uma unidade viva, enviando informações de desenvolvimento e adaptação ao corpo para defender suas funções vitais, emoções e, posteriormente, a razão.
Durante o processo de construção da emoção e da razão, mesmo que dois ou mais indivíduos sejam criados nas mesmas condições, é natural que encontrem peculiaridades adaptativas de comportamento em cada um deles. Apesar da influência do ambiente, existem características internas diferentes na forma de perceber e interpretar o mesmo evento. Portanto, estar alheio ou fora do ambiente onde se passou a maior parte da vida é apenas um detalhe.
Esse ambiente, mesmo que desconhecido pela mente consciente, não impede que uma área da mente, chamada de mente subconsciente, registre os eventos vivenciados. É nessa área que se estabelece a programação mental, emocional e não racional, determinando a forma como a percepção e o comportamento humano funcionam.
Em níveis mais profundos da mente, parece que essa programação envia instruções internas sombrias para o indivíduo, tornando-o suscetível a doenças sistêmicas que afetam o corpo, a mente e, consequentemente, a alma como um conjunto de corpo e espírito. Isso se manifesta por meio de sintomas complexos, psicossomáticos e suas variantes, tratados como depressão, angústia, tristeza, fobias, dor, entre outros.
A função da mente subconsciente não é entender, criticar ou analisar a emoção no momento em que ocorre, mas sim senti-la como uma força impactante que carrega o sentimento percebido, sem censuras. Ela retém os eventos em forma de gravação e reprogramação, entendendo literalmente a emoção, sem verificação racional. Esses eventos são armazenados em instâncias mentais subliminares da mente subconsciente e podem se manifestar como sintomas no presente ou no futuro, originados por uma programação previamente aceita pelo subconsciente.
Assim, quando um ou mais desses eventos subliminares vêm à tona como sensações literais do subconsciente, uma força incontrolável, alheia à vontade consciente, entra em conflito com as referências culturais e sociais, causando uma sensação de falta de sentido na existência.
Para evitar que eventos negativos impactem outros aspectos de nossa vida, é na infância que devemos prestar muita atenção ao que falamos e aos exemplos que damos ao “educá-los”. Isso porque a linguagem, seja verbal ou corporal, pode plantar condicionamentos psicológicos negativos, especialmente se vierem de figuras de autoridade, como pais, educadores, líderes religiosos, entre outros.
A ingenuidade e a imaturidade mental não permitem que a área analítica e racional da mente consciente resista à mínima pressão de condicionamentos externos relacionados ao que se vê, ouve e sente, em toda a sua força e expressão, especialmente na infância, quando a imaginação e a fantasia estão mais fortes e inocentes. Esses condicionamentos podem se tornar noviços e destruidores para o resto da vida.
Um exemplo de condicionamento é quando uma criança ouve repetidamente de seus pais a frase evangélica: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Essa repetição pode fazer com que o subconsciente aceite essa programação como uma crença limitante de que o dinheiro não é algo bom. Mais tarde, na adolescência, a palavra ouvida na infância pode ser interpretada como um evento de sentido negativo, o que fará toda a diferença em sua relação com o trabalho e o dinheiro no futuro. A pessoa pode querer ganhar dinheiro, mas não desejar trabalhar, ficando satisfeita apenas com o salário mínimo e sem se arriscar a ganhar mais. Esse é um cenário comum encontrado no dia a dia das pessoas. Em alguns casos, lutar contra essa força interior tem levado a sintomas que requerem atendimento psiquiátrico, em vez de uma consultoria financeira.
Portanto, posso afirmar com segurança que, em todas as fases da infância, a gentileza é a nobreza que a mente precisa para um bom desenvolvimento físico e psíquico. A base para uma mente e um corpo saudáveis é um mindset emocional em amplo desenvolvimento, repleto de segurança e afeto.
Dependendo do mindset, os eventos podem construir ou destruir sonhos, a capacidade de agir e reagir diante de eventos positivos e negativos. A prioridade da programação semântica entendida e aceita pela mente subconsciente será, em primeiro lugar, a do evento negativo. Talvez isso seja devido a resquícios do cérebro reptiliano em nosso processo de desenvolvimento cerebral ao longo das eras. Uma coisa é indiscutível: quando se trata de algo ruim, como um trauma, o subconsciente se abre receptivamente, como se um evento negativo tivesse “passaporte” liberado, entrando diretamente pelos portões da mente subconsciente e formando um conjunto de instruções negativas (do que foi visto, ouvido e sentido). Isso posteriormente delineia o modelo de mindset e é reforçado por ações e reações quando os sintomas eclodem.
Ao compreender o mecanismo de funcionamento da mente e a causa de muitos de seus problemas quando eclodem, Dave Elman, considerado o pai da hipnose médica e o maior hipnotista do século, criador da famosa indução de Elman, percebeu que, por trás de muitos sintomas apresentados, como a gagueira, era possível, por meio de intervenção direta no subconsciente, chegar à causa e ressignificar o evento, restaurando a normalidade desejada por seus clientes em um curto espaço de tempo. Ele conseguia resolver esses problemas em apenas uma sessão de hipnoterapia, o que impressionava a classe médica e demonstrava milhares de vezes em seus cursos direcionados para essa área, tornando-se um professor de hipnose renomado.
Dave Elman foi professor de Gerard F. Kein, que, como um bom discípulo, preservou seu legado. Kein desenvolveu e aperfeiçoou técnicas do próprio Elman. Tratamentos que antes eram permanentes até a década de 1940 foram resolvidos por ele em poucos minutos por meio da hipnose, o que trouxe uma grande contribuição para a humanidade. Hoje em dia, há pesquisas acadêmicas em andamento para comprovar a eficácia do tratamento com hipnose, especialmente em cursos de medicina e odontologia. Há avanços extraordinários na teoria e na técnica, principalmente nas técnicas avançadas de hipnose clássica, compounding e semântica da linguagem, além de orientações sobre linguagem para que o subconsciente aceite sugestões e permita a reprogramação, a compreensão de novos eventos e, consequentemente, a revisão do conteúdo existente. Essa ultrapassagem do fator crítico, que é a linha divisória imaginária entre a mente consciente e o subconsciente, permite ressignificar o modelo de programação mental, eliminando a causa raiz e modificando os antigos hábitos para retomar a vida em sua plenitude.
Autor: José Eduardo Rocha
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